Venda do Banco do Brasil vai encarecer alimentos

Se o governo Bolsonaro privatizar o Banco do Brasil, como vem sendo anunciado pela imprensa, os aumentos dos preços da carne bovina, de porco e de frango podem ser apenas o começo da alta dos preços dos alimentos, segundo a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “A alta pode atingir toda a cesta básica, uma vez que quase 70% de toda a carteira de crédito rural é de responsabilidade do banco”, disse.
Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Banco Central, aponta que, em fevereiro de 2019, 72,9% da carteira de crédito rural era de responsabilidade dos bancos públicos, com destaque para o Banco do Brasil e para o Banco do Nordeste.
Por isso, para a representante eleita pelos funcionários para o Conselho de Administração do Banco do Brasil, Débora Fonseca, a privatização do Banco do Brasil prejudicaria toda a cadeia produtiva da agropecuária. “O financiamento, obviamente, ficaria mais caro. Com isso, a agricultura familiar seria inviabilizada. O custo da produção aumentaria e isso seria repassado para os preços dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, que é quem pagaria o ‘pato’ por essa política inconsequente de redução do Estado, que vem sendo implantada pelo atual governo”, disse.
A grande concentração da carteira de crédito rural nas mãos do Banco do Brasil não se dá pela falta de concorrência, mas sim porque o banco oferece os menores custos de financiamento para os produtores rurais e também porque, como banco público, tem como princípio a disponibilização do crédito para o desenvolvimento econômico e social do país. Os bancos privados não são proibidos de oferecer crédito rural, mas não o fazem porque querem cobrar taxas acima das que são oferecidas pelos bancos públicos, como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, os maiores detentores da carteira.