SOS PETRÓPOLIS Sindicato se reúne com FENABAN para reivindicar mais atenção aos bancários

Publicado em: 23/02/2022
SOS PETRÓPOLIS Sindicato se reúne com FENABAN para reivindicar mais atenção aos bancários





Na última segunda-feira, dia 21/02, o SindBancários Petrópolis, representado por seu presidente, Marcos Alvarenga, junto com a presidenta da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Setor Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), Adriana Nalesso e a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, se reuniram com a FENABAN para falar da tragédia que atingiu Petrópolis no último dia 15/02. Essa reunião foi marcada após envio de um ofício à Contraf, cobrando medidas mais concretas, céleres e eficazes para dar apoio e suporte à categoria e à cidade.

 



No início da reunião, Alvarenga criticou a falta de uma postura mais humana e empática dos bancos que, até então, não haviam demonstrado nenhuma solidariedade e preocupação com seus funcionários e seus familiares. “O presidente da Caixa esteve aqui na última sexta-feira, fez um discurso de 1 minuto, falou da ajuda de um caminhão agência, lembrou das agências destruídas mas, em momento algum, prestou solidariedade aos funcionários da Caixa e aos moradores de Petrópolis. Sequer pisou numa agência”, disse Alvarenga que, em seguida, relatou tudo que viu e ouviu nos últimos dias, fez um retrato da destruição da cidade e das dores de seus moradores, tentando dar uma dimensão mais próxima da realidade que a TV não mostra. Informou que o número de vidas perdidas eram de 178, com 104 desaparecidos (no momento da criação dessa matéria, o número de vítimas já aumentou para 193, com 69 desaparecidos) e que essa tragédia já é considerada a maior da história da cidade. Falou sobre a situação das bancárias, bancários, vigilantes, estagiários, pessoal da limpeza e conservação e de todos que trabalham nas agências bancárias. Que todos perderam algo e que alguns perderam tudo. Lembrou que, felizmente, nenhum perdeu a vida, mas que muitos perderam familiares, amigos e conhecidos. “Todos estão extremamente abalados emocionalmente e isso é algo que os bancos precisam se preocupar. A chuva pode ter caído no dia 15, mas o furacão, mesmo 7 dias depois, continua sobre a cidade, a destruição e os impactos dela são sentidos a cada segundo. Para onde se olha se vê destruição”, lembra Alvarenga, pedindo que os bancos realizem um mapeamento da situação de cada funcionário, para fazer um trabalho individualizado, de apoio emocional e material.



 

A dificuldade e riscos nos deslocamentos foi outro problema abordado. No dia da reunião, 15 ruas estavam totalmente interditadas e outras 8 ruas parcialmente. A cidade já possui um trânsito ruim em dias normais. Com 23 ruas atingidas o trânsito virou um caos, causando um efeito colateral fatal, por conta da demora no deslocamento dos carros de socorro e resgate em meio ao trânsito. Alvarenga salientou que chuvas fortes seguem atingindo Petrópolis e que expor bancários e bancárias ao risco de ficarem presos em meio ao trânsito durante uma nova enchente é uma imensa irresponsabilidade. “Foi assim que muitos perderam as suas vidas, levados pelas enchentes em meio ao trânsito. Não tem sentido nenhum deslocar funcionários para agências sem condições de funcionamento e, pior, para agências em locais de risco, como as agências do Alto da Serra”.



 

Alvarenga falou também sobre a situação econômica da cidade, onde a grande maioria dos comerciantes e empresários foram duramente afetados, perdendo matérias-primas, produtos, maquinários e, até mesmo, seus estabelecimentos. E, por conta disso, pediu que as cobranças de metas dos bancários sejam suspensas até que a cidade se recomponha e que os bancos pratiquem linhas de crédito com juros zero para os comerciantes e empresários afetados com a tragédia.

 



A presidenta da Contraf-CUT Juvandia Moreira cobrou mais agilidade e responsabilidade social que se faz com ações concretas, assim como, o teletrabalho. “A situação é de urgência, os bancários e bancárias de Petrópolis não podem ficar esperando decisões que não saem do papel. Eles precisam ser ouvidos também além de gestores e gerentes, é preciso de algo concreto. Além disso, os bancos precisam ter um canal aberto com o Sindicato e vice-versa para as informações serem mais rápidas e medidas tomadas com a rapidez que o momento exige”, cobrou Juvandia. Já a presidenta da Federa-RJ, pontuou algumas questões como a importância da manutenção dos empregos e apoio psicológico. “A situação em Petrópolis é muito grave, os bancos precisam ter mais agilidade nas ações, vai demorar um tempo para a cidade voltar à normalidade. É hora dos bancos terem de fato responsabilidade social, dar apoios e passar segurança e tranquilidade as bancárias e bancários”, avalia Adriana Nalesso. Juvandia complementou dizendo: “Na verdade, deveria ser automático, e não algo que os sindicatos precisassem reivindicar”.

 



O representante da FENABAN informou sobre a realização de uma reunião com os bancos que ocorreria na manhã do dia seguinte (terça-feira, 22/02), se comprometendo a levar as reivindicações e retorná-las diretamente para o presidente do Sindicato de Petrópolis, Marcos Alvarenga.

 



Resumo das Reivindicações



• Suspender as demissões e as metas;

• Mapeamento individualizado das situações de todos os trabalhadores nas agências bancárias, para dar apoio e suporte emocional e material;

• Linhas de crédito com juros zero para comerciantes e empresários afetados pela tragédia;

• Melhorar a estratégia de deslocamento de funcionários entre as agências, não permitindo que funcionários trabalhem em agências sem condições de funcionamento, que estejam em área de risco e/ou que sejam de difícil acesso;

• Alocar os trabalhadores em agências próximas as suas residências (respeitando os critérios do item anterior);

• Dar prioridade ao teletrabalho, em relação ao trabalho presencial.

 



FENABAN retorna atendendo algumas demandas



Durante a terça-feira, dia 22/02, Alvarenga e o representante da FENABAN mantiveram contato durante todo o dia. Alvarenga enviou fotos e vídeos das condições das agências e da cidade, chamando a atenção para a agência do Itaú do Alto da Serra, que apresentava rachaduras em diversas paredes. Minutos depois a FENABAN informou que essa agência ficará fechada, por prazo indeterminado. Alvarenga cobrou que a agência do Bradesco também fosse fechada, por conta da localidade ser uma das mais atingidas na cidade, mas foi informado que outras empresas próximas a essa dependência estão funcionando normalmente e que o banco não via riscos.

 



A FENABAN informou que o Bradesco, através do “Viva Bem”, estava entrando em contato com todos os funcionários, conforme solicitado pelo sindicato, para avaliar as necessidades e problemas vividos por cada um e que irão ajustar todas as demandas que surgissem. Informou também que, a partir dessa quarta-feira, o Itaú e o Santander farão o mesmo – A Caixa emitiu uma nota aos seus funcionários durante o dia, concedendo aos seus empregados um Auxílio Emergencial por Calamidade (mas só em casos em que o imóvel tenha sofrido algum dano em decorrências das chuvas). No BB, a Cassi Rio e suas Clinicassis já haviam iniciado uma ação de monitoramento dos participantes de Petrópolis, colocando todos como prioridade máxima. Prestando ajuda com psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos.

 



Durante o dia caiu uma chuva forte na cidade e Alvarenga entrou em contato com a FENABAN para cobrar que o horário de funcionamento das agências seja até às 14h, minimizando assim o risco dos trabalhadores ficarem presos em enchentes, ao retornarem para suas casas. O representante da FENABAN levará a demanda aos bancos, mas informou que já existe uma preocupação no que tange o atendimento à população, por conta de um horário reduzido.

 



A FENABAN prometeu realizar, nos próximos dias, uma nova reunião com o SindBancários Petrópolis para tratar de todas as ações feitas, agora com a presença de todos os bancos.