Santander quer fazer caridade com chapéu dos bancáriosAo invés de fazer caridade com seus próprios recursos, o Santander decidiu fazê-la com o dinheir

Ao invés de fazer caridade com seus próprios recursos, o Santander decidiu fazê-la com o dinheiro dos bancários. Pior: sem pedir autorização dos trabalhadores, descontando automaticamente os valores da conta onde eles recebem o salário.
O banco lançou a campanha "Sonhos que Transformam", que propõe descontar 1% da remuneração variável, incluindo o programa de Participação dos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores, que será creditada em fevereiro de 2020, para doar para instituições de caridade.
O problema é que quem não quiser doar precisará entrar no site disponibilizado pelo banco e marcar a opção "não". Caso contrário, a doação é feita de forma compulsória, sem a autorização do bancário.
Também não há transparência quanto à utilização dos dados de doação, se eles serão usados ou não como critério para pontuação.
Para completar o quadro, o desconto não será feito sobre o montante da variável recebida em ações ou em parcelas diferidas, deixando de fora da "boa ação" do Santander os salários mais altos da entidade, já que os que recebem ações e bônus diferidos como parte da renda variável são os altos executivos, que desde 2010, conforme resolução 3921 do Bacen, ao menos 50% de sua remuneração variável é paga em ações e no mínimo 40% de bônus diferidos para pagamentos futuros.
"Seria uma atitude louvável se a contribuição fosse efetivamente voluntária, ou seja, que o trabalhador autorizasse qualquer desconto que venha ocorrer em sua conta, como preconiza a legislação trabalhista vigente. O Santander poderia muito bem fazer caridade com o seu lucro ou revertendo parte da bonificação dos acionistas", pontua Augusto Quintela, diretor do sindBancários Petrópolis e funcionário do Santander.