PLR: adicional vem mesmo sem aumento do lucro

São Paulo - A participação dos bancários na greve mais uma vez surpreendeu os banqueiros e mudou a atitude deles, que queriam impor aos trabalhadores perdas na Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A proposta apresentada pela federação nos bancos, na noite de quarta-feira 7, prevê PLR de 90% do salário mais R$ 1.024, com teto de R$ 6.680. O valor pode ser majorado até que seja distribuído pelo menos 5% do lucro líquido, podendo chegar a 2,2 salários, com teto de R$ 14.696.
“Os banqueiros até acataram a reivindicação de proposta simplificada, mas que reduzia drasticamente os valores pagos os trabalhadores e isso não admitimos”, diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino. “Então voltamos ao modelo antigo e conseguimos garantir que os bancários não recebam menos que no ano passado.”
O presidente do Sindicato destaca a retomada do teto de 15% na distribuição do lucro. “Os bancos queriam rebaixar esse teto para 4% e imputar aos trabalhadores enorme perda. Esqueceram que os bancários são gente de luta, que não se dobra, e foram obrigados a voltar atrás”, diz Marcolino, lembrando que o rebaixamento do teto para 4% poderia virar referência e comprometer até a PLR dos bancos públicos.
Adicional seguro – A greve que completa 15 dias na quinta-feira 8, arrancou dos banqueiros uma proposta de pagamento perene do adicional à PLR. O valor, de 2% do lucro líquido será distribuído de forma linear a todos os trabalhadores, com teto de R$ 2.100 tenha ou lucro crescido ou não. O valor não pode ser descontado dos programas próprios.
Até agora, o adicional só era pago nos bancos em que o lucro crescesse pelo menos 15%. “Com os altíssimos patamares dos resultados dos bancos no Brasil, a cada ano fica mais difícil atingir esse crescimento”, relata o presidente do Sindicato. “Este ano praticamente nenhum bancário receberia o adicional, já que os lucros não cresceram ou cresceram muito pouco”, informa Marcolino. De acordo com a antiga proposta dos banqueiros, os funcionários de dois dos maiores bancos do país receberiam cerca de 80% menos de participação nos lucros que em 2008. A “economia” geral seria de mais de R$ 1,2 bilhão.
Com a proposta conquistada, o pagamento fica garantido e não depende mais do crescimento do lucro, ou seja, os bancários não correm mais o risco de ficar sem o adicional. “Receber uma porcentagem do lucro é uma reivindicação dos bancários desde 2005, já garantida na PLR do Banco do Brasil (onde o pagamento é de 4% do lucro líquido sem teto). Essa proposta tem teto, mas por outro lado os bancários podem chegar a receber pela regra básica 2,2 salários que somados ao teto de R$ 2.100 representa um ganho importante”, avalia Marcolino.
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PLR - Como é hoje Pagamento é vinculado ao crescimento do lucro líquido. Caso a regra fosse mantida, veja quanto cada bancário receberia de valor adicional baseado na variação do lucro líquido do primeiro semestre de 2008 e deste ano | |||
Banco | LL 1º sem./08 (R$) | LL 1º sem./09 (R$) | PLR adicional(R$) |
Bradesco | 4.105.000 | 4.020.352 | Nada |
Itaú Unibanco | 5.582.000 | 4.585.732 | Nada |
Santander Real | 1.546.000 | 1.649.000 | 158 |
HSBC | 767.877 | 249.761 | Nada |
Valores podem sofrer variações em função da mudança no número de funcionários |
Elaboração: DIEESE Subseção SESE/Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região
PLR - Como ficaria Está desvinculado do crescimento do lucro líquido. O cálculo é assim: pega-se 2% de lucro líquido do banco e distribui de forma linear entre os trabalhadores. Veja no quadro quanto cada bancário receberia | |||
Banco | LL 1º sem./08 (R$) | LL 1º sem./09 (R$) | PLR adicional(R$) |
Bradesco | 4.105.000 | 4.020.352 | 1.050 |
Itaú Unibanco | 5.582.000 | 4.585.732 | 1.050 |
Santander Real | 1.546.000 | 1.649.000 | 634 |
HSBC | 767.877 | 249.761 | 209 |
Valores podem sofrer variações em função da mudança no número de funcionários. O pagamento refere-se à antecipação de 2% de lucro líquido de semestre com teto de R$ 1.050. O adicional total, calculado após a divulgação do balanço anual pode chegar a R$ 2.100 |
Elaboração: DIEESE Subseção SESE/Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região 1.080 1.350
do salário
**Teto do pagamento na distribuição de 2% do lucro líquido. Valor é apurado de acordo com o balanço do primeiro semestre de cada banco. Pagamento acima do teto e sem desconto de programa próprio.
***Total a receber na antecipação: regra básica + adicional
Elaboração: DIEESE Subseção SESE/Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região