Pesquisa revela alta taxa de suicídio entre bancários

As péssimas condições de trabalho nos bancos levam centenas de bancários ao suicídio. Segundo pesquisa inédita da Universidade de Brasília (UnB), 181 bancários deram cabo à própria vida no Brasil entre 1996 e 2005, uma média de um suicídio a cada 20 dias.
Entre as principais causas que fazem o trabalhador tomar essa medida extrema estão as pressões para o cumprimento de metas, a falta de funcionários para muitas tarefas, o assédio moral e perseguições gratuitas. O medo do desemprego ou de retaliações também abre uma brecha para o sofrimento.
“O estudo demonstrou que qualquer pessoa considerada normal está sujeita a passar pelo mesmo processo. Por mais equilibrada que seja a pessoa, caso não encontre soluções práticas para livrar-se das causas do sofrimento, seja por meio de uma remoção para outro setor na empresa, seja por meio da troca de emprego ou aposentadoria, a possibilidade de adoecimento é enorme.
Alguns somatizam doenças físicas, outros desenvolvem transtornos mentais. De forma extrema, alguns entendem que a vida não merece ser vivida, optando pela radicalização por meio do suicídio", explica o pesquisador Marcelo Finazzi, mestre em administração pela UnB e autor da dissertação Patologia da Solidão: o suicídio de bancários no contexto da nova organização do trabalho, em entrevista para o Instituto Humanitas Unisinos.
A taxa de suicídios e doenças do trabalho são associadas às transformações ocorridas no mercado financeiro a partir da década de 1990. No período, 430 mil bancários foram demitidos no Brasil.
“Se antes os bancos tinham lucros com a inflação, após 1995 o papel do bancário mudou. Ele passa a ser vendedor e consultor e as cobranças se acentuaram", afirmou em entrevista para o site da UnB. O vínculo estabelecido entre as empresas e o trabalhador muda bruscamente e passa a ser o de submissão.
Para Marcelo, o fator mais determinante que leva o empregado à desestabilização é a perda da vontade de viver e a falta de reconhecimento pelo esforço despendido para a realização das tarefas.