Para alimentar suas famílias, 80% das brasileiras estão endividadas

No Brasil que voltou ao Mapa da Fome da ONU desde o golpe de 2016, 80,1% das mulheres contraíram dívidas sobretudo para colocar comida na mesa de sua família. O dado é de pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, que revela também que o endividamento é maior entre as mulheres do que entre os homens (76,5%). E que de 2021 para cá, avançou muito mais entre as mulheres (10,5 pontos percentuais).
A renda dessas mulheres é praticamente toda comprometida com a compra de alimentos, gás, pagamento de aluguel e energia, diferentemente das famílias com renda superior. “No caso dessas que recebem de 1 a 2 salários mínimos, o comprometimento está com a sua sobrevivência e da sua família. Não tem pra onde fugir. Ou são forçadas a se endividar ou a viver em condição de insegurança alimentar. Ou ainda a buscar ajuda de parentes e pessoas da comunidade. Mas geralmente as pessoas da família já estão nessa mesma situação. É se endividar ou morrer de fome”, afirma a economista Marilane Teixeira, professora e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), da Unicamp.