‘Ministro da Economia não tem confiança no país’

Publicado em: 07/10/2021
‘Ministro da Economia não tem confiança no país’

“O próprio ministro da Economia não confia no país, não vê segurança no Brasil. É uma coisa absurda para quem ocupa esse posto, que está gerindo a política econômica. O ministro Paulo Guedes está ganhando uma grana preta com o dólar em alta e está apostando contra a própria economia do Brasil”, declarou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, sobre a denúncia de que o ministro da Economia mantém empresa em paraíso fiscal. 


A denúncia foi divulgada no último domingo (3) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), e foi batizada de Pandora Papers. A imprensa mundial repercutiu a denúncia, inclusive a brasileira. A denúncia envolve políticos e grandes empresários. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é outra autoridade brasileira que aplica dinheiro em paraísos fiscais.


O Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe “investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas”.


Guedes e o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, serão investigados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que pretende apurar as offshores ligadas ao ministro e ao presidente do Banco Central. Os dois também serão alvo de representação de líderes da oposição, protocolada junto ao Ministério Público Federal.


Em setembro de 2014, Paulo Guedes fundou a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe.


Nos meses seguintes, Guedes aportou na conta da offshore, aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York, a quantia de 9,55 milhões de dólares, o equivalente a 23 milhões de reais na época. A alta do dólar desde 2019 fez com que o patrimônio da Dreadnoughts International valorizasse pelo menos R$ 14 milhões. Hoje, o equivalente em reais dos US$ 9,55 milhões aportados na empresa é de R$ 51 milhões. 


A tradução de Dreadnoughts International é “Encouraçado Internacional”. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também recorreu a outro paraíso fiscal. A denúncia é que ele é dono da Cor Assets S.A., uma offshore no Panamá.