Milhares marcham pela redução da jornada

Trabalhadores lutam pela diminuição de 44 horas para 40 horas semanais. Bancários levaram bandeira específica pelo fim do interdito proibitório |
Mais de 40 mil trabalhadores reuniram-se novamente em Brasília na defesa de seus interesses. Em 2009, a principal bandeira empunhada durante a 6ª Marcha da Classe Trabalhadora que tomou as ruas da capital federal nessa quarta-feira 11 foi a da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais. Também encabeçam a lista de reivindicações a regulamentação dos avanços conquistados nos anos anteriores, como a política de valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda.
“As marchas levam nossas reivindicações para o Congresso Nacional. Por meio da mobilização unificada das centrais temos conquistado direitos aos trabalhadores por medidas provisórias. Agora, queremos que sejam transformadas em lei, para que o direito valha para sempre”, afirmou o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, que participou da 6ª Marcha.
Além da pauta geral, os bancários levaram também uma bandeira específica: o fim do uso deturpado do interdito proibitório durante manifestações, especialmente nas greves. A categoria realizou um ato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) que teve um componente no mínimo irônico: os trabalhadores tiveram de se manifestar à distância, já que foram colocadas grades para impedir a aproximação.
“O interdito trata exatamente disso: de um instrumento jurídico que quer manter à distância os trabalhadores que se manifestam nos seus locais de trabalho. Essa atitude do STF, de colocar grades para manter longe os manifestantes da 6ª Marcha, diz muito da postura da Justiça no Brasil”, disse a secretária-geral do Sindicato, Juvandia Moreira, durante a 6ª Marcha.
O presidente da CUT, Artur Henrique, mandou um recado para o presidente do Supremo, o ministro Gilmar Mendes. “As coisas têm de ser resolvidas pela correlação de forças entre patrões e empregados, sem a interferência da Justiça.”
Pauta das 40 horas – Os protestos, dentre eles uma vigília de um dia no salão verde da Câmara dos Deputados, chegaram ao Congresso Nacional. Representantes das centrais sindicais e de alguns sindicatos foram recebidos pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para debater o assunto.
Temer parabenizou a marcha. “A casa funciona sob pressão e isso é legítimo”, afirmou o deputado, sugerindo criar uma comissão de parlamentares a favor e contra a proposta numa espécie de conciliação para que se chegue “a um meio termo”. A comissão manterá contato com os representantes das seis centrais sindicais brasileiras. Para Sarney, a redução deve ser discutida por uma comissão especial que reúne membros da Câmara e do Senado.
FAP – Os trabalhadores também fizeram uma manifestação, na segunda-feira 9, em defesa da implantação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), previsto para entrar em vigor em janeiro. O dispositivo premia o bolso de empresas que promovem a prevenção da saúde e de boas condições de trabalho e pune as que abandonam os funcionários.
Redação, com informações da CUT