Governo descumpre promessa, e defasagem da tabela do Imposto de Renda sobe para 134%

Mais um ano sem correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) fez a defasagem aumentar, em média, para 134,52%.
O cálculo foi atualizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional). Segundo a entidade, se o aumento fosse aplicado de uma vez, 12 milhões de contribuintes, que hoje pagam imposto, entrariam para a faixa de isenção, dobrando o número atual, de 11,1 milhões para 23,2 milhões.
O aumento da faixa de isenção foi promessa do então candidato, Jair Bolsonaro, atual presidente da República, que terminará o mandato sem cumpri-la. Desde 1996, só houve correção em 2002 (último ano do governo FHC) e de 2005 a 2015 (governos Lula e Dilma). Desde 2016, a tabela não é alterada, enquanto a inflação cresce.
O limite de cinco salários mínimos para isenção, como chegou a explicitar o candidato, representaria R$ 6.060,00 em valores já corrigidos com o novo piso nacional (R$ 1.212,00). Pelo estudo do Sindifisco, se houvesse correção pelo índice total de defasagem, nenhum contribuinte com renda tributável mensal abaixo de R$ 4.427,59 pagaria o imposto.
Hoje, a isenção é de apenas R$ 1.903,98. O estudo traz exemplos mostrando como a defasagem prejudica mais quem ganha menos. Um contribuinte com rendimento de R$ 6.000,00 por exemplo, tem que pagar 561,95% a mais devido à não correção da tabela. Já aquele com renda de R$ 10.000,00 paga 146,99% a mais. Para quem tem renda tributável de R$ 5.000,00, a diferença sobe para 1.077,81%. E cai a 33,66% no caso dos rendimentos de R$ 20.000,00.