Economista diz que bancos lucram mais com a crise, endividando as famílias com juros altos

O economista e técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Gustavo Cavarzan, começou sua fala na 24ª Conferência Nacional dos Bancários dizendo sobre o cenário da conjuntura econômica no país, “o Brasil chega em 2022 ao nono ano seguido de estagnação da economia, ou seja, mais uma década perdida e afirmou que a expressão correta não é afirmar que os bancos “ganharam nessa conjuntura”, mas sim, que o setor “ganhou mais em função da conjuntura”. O PIB de 2021, ou seja, tudo o que país produz, foi menor do que em 2014, há oito anos atrás.
Cavarzan desmentiu parte do discurso do ministro da Economia Paulo Guedes de que o problema da recessão brasileira é exclusivamente em função da crise no mundo, explicando que, ao contrário, é a forma de gestão de cada nação que definiu o resultado final do desempenho no cenário econômico interno de cada país. Na implantação da reforma trabalhista, diziam que seriam gerados no Brasil mais de seis milhões de empregos e nós sempre dissemos que não era verdade, que não é a flexibilização que gera novos empregos, mas sim a reação da atividade econômica”, opinou. “Nossa taxa de desemprego que estava 6% a 6,5% em 2014, dobrou de tamanho em dois anos e após a reforma trabalhista aumentou ainda mais, explodindo na pandemia”.
Cavarzan revelou que no meio desta tragédia brasileira os bancos divulgaram aumento recordes nos lucros. Os bancos lucraram R$27 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 17%. O que mais cresceu nos bancos é o rotativo no cartão de crédito, com juros de 335% ao ano, seguido do crédito pessoal, com média de 86% de juros e cheque especial, com taxa de 133% ao ano. Isso explica o endividamento de 77% das famílias brasileiras. “O trabalhador está pagando a maior parcela de seu salário para quitar o empréstimo ou crédito financeiro, aumentando os ganhos dos bancos, o que resulta numa concentração de renda ainda maior no Brasil, numa distribuição de renda às avessas”, avalia Cavarzan.