Dia internacional contra a exploração da mulher

O Dia Internacional Contra a Exploração da Mulher acontece nesta sexta-feira (25), com dados mundiais ainda alarmantes. No Brasil, o 2º Relatório de Transparência Salarial, divulgado pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), em setembro, revelou que, no ano passado, as mulheres receberam em média 20,7% menos que os colegas homens que exerciam os mesmos cargos e funções. O percentual é próximo a média mundial de desigualdade salarial entre gêneros, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"A desigualdade salarial é uma forma de exploração da mulher. Mas, infelizmente, quando falamos de exploração de gênero, o problema é ainda mais amplo", explica a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes. Segundo Pesquisa de Avaliação de Necessidades sobre o Tráfico Internacional de Pessoas e Crimes Correlatos, produzida pela Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (CTETP/UFMG), e divulgada em 2022, as mulheres correspondiam a 96,36% das vítimas de tráfico internacional de pessoas.
“Existe uma forte correlação entre esses dados e a misoginia, expressão que designa a manifestação de ódio ou aversão contra mulheres e meninas”, explica Fernanda Lopes. “E, dentre as várias formas que a misoginia se manifesta, estão as violências econômicas, físicas, psicológicas e simbólicas, por meio de ataques à figura feminina”, completa.
Um dos problemas mais graves enfrentados pela mulher é a violência doméstica. Segundo monitoramento da Rede de Observatórios da Segurança, que monitora nove estados (Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo), em 2023, oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas. Outras regiões brasileiras apresentam dados alarmantes. Em 2022, um levantamento divulgado pelo Observatório Estadual de Segurança Pública, da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, mostrou que o estado estava entre os campeões da violência contra a mulher no país, com 89 casos de feminicídios e 41.621 situações de agressões domésticas registrados naquele ano.
"Por isso que datas como o dia internacional contra exploração da mulher, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), não é apenas mais uma data qualquer, e sim necessária para manter e ampliar a reflexão sobre as desigualdades e discriminação de gênero", completa a Secretária da Mulher da Contraf-CUT.