Decisão do BC em manter juros em 15% expõe brasileiros a endividamentos e não combate inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano, sem surpreender o mercado financeiro, mas gerando críticas de representantes dos trabalhadores. A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, afirma que a alta dos juros não combate o tipo de inflação atual do Brasil e apenas penaliza a população com crédito caro e consumo reduzido. Segundo a CNC, o endividamento das famílias brasileiras já alcançou 78,2%, reflexo direto dos juros elevados.
O secretário da Contraf-CUT, Walcir Previtale, defende juros menores para estimular o consumo e a produção, o que pode ajudar no controle da inflação por meio do aumento da oferta e redução de custos. Ele lembra que o país já teve crescimento econômico e pleno emprego com Selic mais baixa nos primeiros anos do governo Lula.
O economista Ladislau Dowbor critica a justificativa do Banco Central, dizendo que a inflação atual é causada por aumento de lucros de grandes empresas (“profit inflation”) e não por excesso de demanda. Ele afirma que manter a Selic alta apenas favorece os ricos que lucram com a dívida pública, enquanto o investimento produtivo é prejudicado.
Gustavo Cavarzan, do Dieese, lembra que a inflação atual está entre as mais baixas dos últimos 20 anos e não justifica a Selic em 15%. Ele destaca que as metas de inflação foram reduzidas nos últimos anos, tornando difícil cumpri-las em um país com vulnerabilidades externas como o Brasil.