Crise coloca remuneração de executivos em debate

A crise financeira que atingiu a economia mundial em 2009 colocou a remuneração dos executivos dos bancos no centro dos debates.
Os altos bônus pagos aos cargos que definem as políticas das instituições financeiras, dentre elas a de vendas de produtos, são apontados como o estopim que gerou a crise.
Diante desse quadro, o G-20, que reúne os maiores países do mundo, assumiu compromissos para fortalecer o sistema financeiro mundial e evitar novos tropeços.
Os trabalhadores não vão ficar de fora. A Uni Finanças (sindicato global do setor financ-eiro) promove sexta-feira, na Europa, uma campanha contra a prática irresponsável de vendas.
Os representantes dos trabalhadores vão entregar às autoridades monetárias a declaração de Frankfurt, com reivindicações e sugestões dos empregados em bancos para ajudar a coibir as práticas irresponsáveis.
No Brasil, o Sindicato dos Bancários de São Paulo vai apresentar proposta ao Banco Central (BC) brasileiro sobre a política deremuneração dos executivos dos bancos.
O tema foi colocado em audiência pública pelo BC em 1º de fevereiro e a entidade, com acompanhamento da assessoria técnica do Dieese, promove análise sobre o tema. As propostas deverão ser enviadas até 30 de abril.
Segundo o BC, o objetivo da audiência
pública é promover o desenvolvimento de políticas de remuneração compatíveis com a estratégia global de gestão de riscos, formuladas de modo a não incentivar comportamentos capazes de elevar a exposição ao risco acima dos níveis considerados prudentes no curto, médio e longo prazos.
Um péssimo exemplo de como a forma de remuneração dos executivos interfere na PLR paga aos trabalhadores é o Itaú Unibanco. Enquanto os bônus dos altos cargos aumentam, a PLR dos bancários cai.
Pelo menos outros dois bancos, apesar do quadro internacional, pretendem ampliar o pagamento dos executivos, o que demonstra a necessidade de maior regramento para o setor.
Segundo o jornal Valor, “cem empresas abertas (...) pretendem pagar R$ 2,44 bilhões a seus diretores e conselheiros neste ano. O montante supera em 45% o total de R$ 1,68 bilhão pago pela mesma amostra de empresas no exercício de 2009”.
A lista inclui Bradesco e Santander.
Fonte: Seeb São Paulo