Cliente de renda baixa é discriminado

Que os bancos discriminam os clientes com poder aquisitivo baixo e transferem o atendimento para os correspondentes bancários todo mundo já sabe. O problema é que a prática tem o apoio do Banco Central, que recentemente ampliou a atuação dos correspondentes em todo o país.
Com base na resolução 3.954, do BC, os bancos agora podem criar empresas para serem correspondentes deles mesmos, o que significa economia de custos com a abertura de agências e a contratação de bancários. Quer dizer, se as empresas já precarizam o trabalho, a tendência é a coisa piorar ainda mais.
O assunto, inclusive, foi pauta de audiência pública realizada nesta terça-feira (16/08), na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, em Brasília. A exposição do Banco Central frustrou os trabalhadores e deixou claro que o papel do correspondente bancário foi além do pensado na década de 1970, quando foi criado.
Em outras palavras, deixou de ser um mecanismo para atender as localidades sem serviços bancários e se transformou em uma ferramenta para retirar os clientes de baixa renda das agências e precarizar o serviço. Tanto é que a maioria dos correspondentes hoje está nos mesmos locais das agências e não nas comunidades sem o serviço.
Atualmente tramita na Câmara um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que pretende anular a resolução do Banco Central, mas, para isso, precisa ser aprovado pela CFT e depois submetido à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Se deferido, vai para votação no plenário da Câmara Federal.