CEE e Caixa se reuniram para debater questões sobre o Saúde Caixa e reestruturação

Publicado em: 18/08/2025
CEE e Caixa se reuniram para debater questões sobre o Saúde Caixa e reestruturação

Na quinta-feira (14) e na sexta (15), a Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) se reuniu com representantes da Caixa Econômica Federal.

A quinta-feira foi dedicada para tratar das demandas relacionadas ao Saúde Caixa. Já na sexta-feira a negociação foi sobre o processo de reestruturação, que a Caixa chama de reposicionamento.

Problemas no VPN, home office, o programa Super Caixa e segurança bancária também foram debatidos na mesa de negociação.

Saúde Caixa

Os representantes da Caixa abriram a reunião apresentando dados atualizados sobre o plano de saúde dos empregados, destacando que “a empresa busca uma solução sustentável para o Saúde Caixa”.

A posse dos aprovados no último concurso do banco, especialmente da área de TI, deverá renovar parte do quadro de usuários com a entrada de empregados mais jovens, o que é visto como positivo para a sustentabilidade do plano.

Apesar disso, o balanço financeiro preocupa. A arrecadação no primeiro semestre de 2025 foi de R$ 1,7 bilhão, enquanto as despesas chegaram a R$ 2,1 bilhões, gerando um déficit que tende a se agravar até dezembro. Segundo a empresa, “90% dos custos do plano concentram-se nos últimos seis meses de vida dos participantes”.

O plano conta atualmente com cerca de 125 mil titulares. Em janeiro, foi registrado um pico de evasão, com 1.156 pedidos de desligamento. Por outro lado, houve aumento na adesão de novos empregados e retorno de ex-beneficiários em outubro, impulsionados pelas novas contratações.

Felipe Pacheco, coordenador da CEE-Caixa, afirmou que a análise técnica realizada com o apoio do Dieese ainda está em andamento, e reforçou a importância de manter o princípio da solidariedade, “sem que o banco adote soluções que excluam colegas do plano”.

Marilda Bueno, da Fenacef, alertou que o problema está nas despesas, que precisam ser mais transparentes e melhor acompanhadas. “Há períodos em que arrecadamos mais do que o projetado. O problema está no gasto crescente, especialmente com os casos mais graves, independente da idade”, observou.

Tatiana Oliveira, da Fetec Centro-Norte, destacou o sacrifício financeiro dos trabalhadores e cobrou dados mais detalhados sobre o uso da telemedicina e seus impactos reais nas despesas do plano. “É preciso investir mais em prevenção, com exames periódicos, controle de doenças crônicas e programas de acompanhamento, para que o plano não continue sendo sobrecarregado apenas nos casos mais graves”.

Fim do teto de 6,5% e reajuste zero

Os dirigentes sindicais cobraram o fim do teto de 6,5% de custeio do plano, que transfere mais encargos para os empregados. Lucas Cunha, da Fetrafi-RS, lembrou que parte dos custos atuais decorre de ordens judiciais e propôs a realização de mais reuniões para monitorar a situação e adotar medidas preventivas. “A Caixa não apresenta soluções concretas. Já se passaram dois anos de negociações. É hora de a empresa aumentar sua contribuição. Os empregados não aguentam mais arcar sozinhos com os aumentos. Por isso, defendemos reajuste zero e o fim do teto”, explicou.

Lucas também criticou o posicionamento da empresa de que “não é prioridade investir em tecnologia no Saúde Caixa”, medida que, segundo ele, ajudaria na redução de custos operacionais.

Rogério Campanate, da Federa-RJ, também criticou a parte operacional do plano e reforçou a necessidade de revisão do teto. “Mesmo com a aprovação no Conselho de Administração, a impressão que dá é de que a empresa não se articula como poderia para conseguir efetivar a alteração estatutária. Além disso, não foi demonstrado nenhum estudo de impacto para a inclusão dos admitidos pós-2018 no benefício pós-emprego”.

Luiza Hansen, da Fetec SP, reforçou a posição do movimento sindical. “É urgente que a empresa invista mais no plano. Os bancários não podem continuar arcando sozinhos com os custos, o que pode aumentar a evasão e comprometer o plano”, destacou.

Chay Cândida, da Fetrafi Nordeste, apontou as dificuldades de acesso à informação e criticou o aumento de mais de 100% nos custos para alguns usuários, que, mesmo assim, não conseguem atendimento adequado. “Defendemos a criação de um serviço de assistência social para buscar soluções que não dependam de ações judiciais. Só teremos um plano sustentável se a empresa priorizar o acesso à saúde e ao tratamento.

Clotário Cardoso, da Fetrafi-MG, também reforçou a cobrança por propostas concretas. “A Caixa insiste em apresentar apenas números e não escuta os empregados. A ideia de proposta por faixa etária é inaceitável, quebra o princípio da solidariedade e não resolve o problema”, criticou.

Lucro bilionário e aporte da Caixa

Tesifon Neto, da FEEB SP/MS, lembrou que a Caixa lucrou R$ 14 bilhões em 2024 e, somente no primeiro trimestre de 2025, R$ 4,9 bilhões – um crescimento de 71,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro acumulado é superior ao dos seis primeiros meses de 2024. Os sindicalistas lembraram que os ganhos da empresa foram garantidos pelo trabalho dos empregados, que a empresa tem condições de elevar sua participação no custeio do Saúde Caixa e cobraram um aporte do banco para cobrir o déficit de 2025.

CEE cobra e Caixa garante que reestruturação não trará perdas financeiras

Ao apresentar o processo de reestruturação, que vem chamando de reposicionamento, a Caixa Econômica Federal garantiu que não haverá perdas financeiras. A garantia foi dada a partir da advertência feita pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE), de que a fusão de agências poderia gerar prejuízos para caixas e tesoureiros minuto e por prazo, realocados em caso de substituição pelos efetivos de unidades fechadas.

Para justificar a reestruturação, a Caixa argumentou que precisa se adequar à realidade, em que os clientes passaram a utilizar mais intensamente no seu dia a dia os canais digitais, e que há agências com baixo volume de atendimento. O coordenador da CEE, Felipe Pacheco, criticou o processo que deu origem ao reposicionamento, que foi colocado em prática sem qualquer negociação com a representação dos empregados. “O banco não pode vir com o bolo pronto e servir. Ainda mais um tema desta relevância, que pode gerar impactos na vida dos empregados”, afirmou.

Eliana Brasil, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), também criticou a falta de diálogo. “Este problema vem se repetindo. É preciso que esta mesa seja valorizada”, disse.

Rogério Campanate, representante da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), ressaltou que é preciso que haja uma comunicação efetiva antecipada, por parte da caixa, às representações dos trabalhadores, antes de colocar em prática essas mudanças. “No caso do home office, por exemplo, o pessoal recebeu a notícia, ficou todo mundo desesperado e a explicação de como seria aconteceu depois, e nem foi uma explicação oficial da Caixa. E a questão do problema no VPN, que coincidiu de ser na mesma época do comunicado das mudanças do home office e que demorou 15 dias para ter uma comunicação efetiva do que estava acontecendo, de quando seria o retorno e neste retorno a mensagem também foi no último dia do prazo final estabelecido”, exemplificou. “Isso estremece o processo de confiança por parte dos empregados, tanto nesse processo negocial, quanto no que a Caixa apresenta”, disse.

Em resposta, a Caixa fez autocrítica, pedindo desculpas e garantindo que nenhum colega será prejudicado financeiramente e que a mesa de negociações será valorizada, com o banco chamando sempre para apresentação prévia de mudanças antes de elas serem feitas.

Fechamento de agências

O banco disse que está assegurando vagas a todos de agências que serão fechadas. Serão extintas 52 agências no país e 23 postos de atendimento bancário. A CEE cobrou cuidado da Caixa para o fechamento de unidades. A representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Luiza Hansen, citou o caso do anúncio do fechamento da agência Cipó Guaçu, que causou a revolta da população e do comércio, levando a críticas de políticos locais. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região está colhendo assinaturas para um abaixo-assinado contra o fechamento desta agência.

Outros temas foram tratados, como o programa Super Caixa, home office, VPN, segurança para os empregados nos casos de depoimentos em casos de golpes.

VPN/Home office

Em relação ao home office, foi reforçada a necessidade de serem estabelecidos critérios objetivos para que as pessoas possam se organizar para este modelo, evitando que certas chefias possam utilizar este tipo de trabalho, como punição, ou como premiação. A Caixa divulgou uma orientação de como deveria ser o trabalho remoto, que foi questionada pela CEE: seriam três dias na semana em casa e dois no presencial.

“Algumas áreas já tinham acordos diferentes. A de FGTS tinha dividido em quatro turmas, em escala, cada uma trabalhando uma semana presencial e três em home office. Os colegas argumentam que a forma proposta pela Caixa (3 em home e dois presencial) obriga as pessoas a carregar os equipamentos ida e volta, e que isso é perigoso, especialmente em lugares aqui do Rio de Janeiro”, argumentou Campanate.

A Caixa respondeu que acordos firmados anteriormente, poderiam continuar prevalecendo. “Esperamos que esta posição do banco seja mais efetiva, para que quem já tinha a escala definida, possa continuar”, afirmou Campanate.

A empresa reconhece que deveria ter comunicado antes, e que será providenciado um fluxo para indisponibilidades futuras. Foi cobrado que o banco estabeleça procedimentos para os casos citados.

Super Caixa

A Caixa decidiu iniciar o debate da mesa de negociação, nesta sexta-feira (15/8), apresentando um programa próprio de pagamento de prêmios aos empregados de acordo com o desempenho, lançado em julho. É o já conhecido ‘Super Caixa’. A CEE criticou a Caixa por ter imposto o programa, sem negociação prévia.

Outra crítica foi quanto ao prazo de pagamento dos valores, que era trimestral para a venda de produtos do Caixa Seguridade. Já com o ‘Super Caixa’ o pagamento é semestral. A CEE lembrou que com o novo prazo, o banco vai economizar e não haverá ganho para os empregados.

O Super Caixa vale para toda a rede de atacado e varejo e garante premiação a quem for além do seu desempenho individual. Vale para todos os empregados. Além da avaliação individual, haverá uma avaliação coletiva por agência.

Um dos problemas apontados é que o programa estabelece que a premiação somente será paga mediante resultado obtido pela unidade e não apenas o resultado individual. Se um empregado não alcançar a meta, todos deixam de receber. A empresa alegou que não deve haver premiação sem resultado.

O representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Santa Catarina (Fetrafi-SC), Edson Heemann, observou que, “assim como o banco argumenta que não deve haver premiação sem resultado, entendemos que não deve haver trabalho sem remuneração, ou seja, se a venda foi feita, o empregado tem que ser remunerado por ela”, disse.

Outra cobrança feita pela CEE foi com relação à disponibilização de telefone corporativo para o uso do app PJ.

Segurança

“Em relação à segurança bancária, envolvendo casos de fraudes que envolvam procedimentos junto à Polícia Federal, a empresa vai verificar o procedimento atualmente adotado e o tema deve ser retomado em mesas futuras, no sentido de garantir suporte e segurança aos empregados que denunciam crimes e auxiliam investigações”, informou a representante da Fetec-CN, Tatiana Oliveira.

O representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários (Feeb) de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Tesifon Quevedo Neto, solicitou mesa específica para tratar da questão da segurança nas unidades que trabalham com numerário (dinheiro). “O objetivo é preservar a segurança dos empregados que atuam nesses locais, destacadamente tesoureiros e caixas, alvos primários em ações criminosas”, disse.

“Entendemos também que é preciso tratar sobre a questão da segurança para as agências sem numerário também, pois os empregados lotados nestas unidades correm riscos ao trabalharem nestes locais sem a presença de vigilantes”, disse a representante da Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal (Fenacef), Marilda Bueno.

Nova rodada de negociações

A próxima rodada de negociações será realizada nos dias 18 e 19 de setembro, em Belo Horizonte. No dia 18 será a mesa específica sobre o Saúde Caixa e no dia 19 ocorrerá a mesa de negociação permanente.