Bolsonaro e Guedes negam, mas atuam para privatizar o BB

O discurso oficial do presidente da nação é de que o Banco do Brasil não está nos planos de privatização de governo. Mas a imprensa anuncia que medidas do ministro Paulo Guedes podem desconfigurar completamente o banco, facilitar a demissão e a contratação de funcionários e levar à venda fatiada do banco.
Na semana passada, jornais de grande circulação no país e forte relacionamento com o sistema financeiro afirmaram que o ministro da Economia, planeja privatizar, até junho, a gestão de fundos de investimento do BB, que hoje é feita pela BB DTVM, subsidiária integral da empresa.
Os planos estimam ainda, a criação de uma empresa, controlada pela iniciativa privada, para gerir os ativos do BB. A BB DTVM foi eleita pela revista Exame como a melhor gestora de fundos de renda fixa, tendo cinco fundos classificados como “5 estrelas”. Além disso, recebeu o “selo de excelência” da agência de rating Moody’s.
Além da privatização da BB DTVM, no dia 27/01, a imprensa veiculou informações de que estão sendo planejadas uma série de iniciativas para tornar o banco mais competitivo. Entre as medidas, estão a alteração das regras para facilitar a contratação e a demissão de funcionários do banco, a remoção de restrições salariais, a venda de ativos para manter dividendos em patamares elevados, além de parcerias com fintechs e outras startups.
O coordenador da Comissão de Empresa dos funcionários do BB, João Fukunaga, ressaltou a questão da competitividade. “É um absurdo dizer que o Banco do Brasil não é competitivo. Esse tipo de fala, vindo de pessoas indicadas pelo mercado, só serve para atender aos interesses corporativos dos bancos privados em acabar com a concorrência pública”, disse.
O BB é o segundo maior banco do país em ativos, com valor de mercado de R$ 146 bilhões. É o maior em crédito rural e muitas vezes é dono da única agência de cidades pequenas.
As informações são de que parte das iniciativas foram aprovadas pelo conselho de administração do banco, entre elas, a formação de joint ventures com fintechs. Outros pontos ainda dependem de aprovações do governo para avançar e podem ser de difícil aprovação política, além de enfrentar resistência dos quase 94 mil empregados do Banco do Brasil, como é o caso das mudanças salariais e nas regras de demissão. O BB se recusou a comentar o assunto e o Ministério da Economia negou que mudanças na forma como as empresas estatais contratam e demitem estejam em discussões. Mas, os relatos são de que as conversas estão acontecendo na Secretaria Especial de Desestatização (Privatização), comandada por Salim Mattar.