BC: o cartel dos bancos no comando absoluto da economia

O ministro da Economia Paulo Guedes e a base do governo no parlamento brasileiro se aproveitaram das atenções da opinião pública voltadas para as eleições presidenciais dos EUA para aprovar no Senado o texto-base do projeto que permite a chamada autonomia do Banco Central. A proposta atende aos interesses do setor especulativo e das instituições financeiras privadas. Temendo uma derrota eleitoral da direita ultraliberal nas eleições presidenciais do Brasil em 2022, os bancos trataram de garantir seus privilégios e fortalecer ainda mais o cartel do sistema financeiro nacional, controlando a economia do país, com os maiores juros do planeta e a política econômica rentista. O texto-base foi aprovado ontem, dia 03 de novembro, com 56 votos favoráveis e 12 contrários. A medida é defendida por especuladores, grandes investidores e banqueiros, agentes do mercado financeiro e é uma das bandeiras da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro. Com a decisão, um novo presidente da República eleito em 2022 não teria ingerência sobre o BC e as políticas do campo monetário, especialmente em relação aos juros, o que dificultaria um projeto nacional que tentasse uma ruptura com o atual modelo econômico dominante no Brasil, essencialmente especulativo em detrimento dos interesses da produção e do trabalho.
A autonomia do BC seria como que aprofundar o que já ocorre nos últimos anos: a presença da raposa no galinheiro. O cartel dos bancos já possui um relevante poder político na condução da economia brasileira. Com esta medida, independentemente do governo eleito em 2022, o sistema financeiro continuaria a dominar a economia, com ainda mais liberdade para garantir e fortalecer os seus interesses privados.