BB tem plano para conter prejuízo com ações trabalhistas

No momento em que busca se adequar aos cortes dos juros e acaba de desembolsar R$ 1 bilhão para capitalizar o Banco Votorantim, o Banco do Brasil enfrenta um outro problema que ameaça a sua rentabilidade.
O principal desafio do BB, atualmente, está na Justiça do Trabalho. Preocupado com o custo de uma avalanche de ações trabalhistas, o banco tem freado gastos e investimentos e prepara um pacote de medidas para evitar que processos se acumulem e criem um rombo na instituição. A preocupação cresceu com a previsão da cúpula do banco de que os resultados financeiros vão piorar a partir do último trimestre, porque os correntistas estão quitando os empréstimos mais caros e só os mais baratos continuarão na carteira.
Por causa do aumento exponencial de processos, o BB está prestes a concluir um plano com reforço em algumas áreas, realocação de pessoal e uma divisão de trabalho que faça com que os bancários da área administrativa trabalhem no máximo seis horas. O Banco avalia internamente medidas sobre a sétima e oitava horas, que possibilitem a condução do tema de acordo com a necessidade da empresa e dos funcionários. A instituição financeira aparece com 2.472 processos, ficando em segundo lugar no ranking das empresas com maior número de ações trabalhistas, divulgado há duas semanas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). A relação foi elaborada a partir do Banco Nacional de Devedores Trabalhistas, criado por lei ano passado, e será divulgada pelo TST anualmente como desestímulo aos devedores.
“Isso, infelizmente, já era previsto. O BB deveria, há muito tempo, respeitar os direitos de seus funcionários, o que não têm acontecido, como é o caso da jornada de trabalho, que deveria ser de 6 horas. O pior é que, mesmo com tudo isso acontecendo, a instituição não regulariza os desvios nos direitos trabalhistas de seus funcionários, preferindo enxugar, ainda mais, os gastos e investimentos. Para ter uma ideia da dimensão do problema, o BB têm um montante de R$2,5 bilhões provisionados para pagar futuras perdas trabalhistas” relatou o diretor do Sindicato e funcionário do banco, Marcos Alvarenga.