BB e Caixa - Bancários sem resposta

Publicado em: 14/09/2009
BB e Caixa - Bancários sem resposta

O Comando Nacional dos Bancários esteve reunido no último dia 11, sexta-feira, com os representantes do Banco do Brasil e da Caixa para mais uma rodada de negociações específicas, em Brasília.

    Os encontros foram em locais diferentes, mas as frustrações foram as mesmas.

    BB - Estavam na mesa de negociação as cláusulas sociais e sindicais do acordo específico dos funcionários do banco.

    A cláusula de maior destaque em debate acabou sendo fonte de frustração para os trabalhadores: o Banco do Brasil alegou não ter autorização do DEST (Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais) para discutir a criação de um novo Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). O banco informou ainda que admite discutir outros pontos, como a carreira de mérito.

    O banco se comprometeu em discutir outras questões que foram abordadas na negociação.

    Uma nova rodada de negociação ficou marcada para o próximo dia 18.

    CAIXA - A empresa não se posicionou em nenhum dos itens previamente agendados para a negociação, prometendo responder às reivindicações somente após o dia 22 de setembro, depois dos resultados da negociação com a Fenaban.

    “Infelizmente os banqueiros estão nos obrigando a partir para uma maior mobilização pois ainda não conseguimos obter avanços em nenhum dos pontos que abordamos. Somos bancários de luta e não vamos recuar de nossas reivindicações”, afirma o presidente Luiz Claudio Rocha.

 


MAIS SOBRE A NEGOCIAÇÃO


 


 


Banco do Brasil


 


Comunicação



Os trabalhadores começaram a negociação protestando junto ao banco com relação às informações desencontradas apresentadas pelo banco a respeito da mudança da lateralidade nas agências com até sete funcionários, anunciada pela empresa na última negociação, ocorrida no dia 1 de setembro (veja mais aqui). Na ocasião, o banco informou aos representantes dos trabalhadores que qualquer bancário poderia ser nomeado substituo dos funcionários ausentes, inclusive os lotados na mesma agência. Mais tarde, a empresa divulgou comunicado interno retificando a informação e dizendo que os bancários da mesma agência não poderiam ser substitutos.



Diante do protesto dos bancários, a empresa alegou falha na comunicação entre as partes, dizendo que a proposta do banco realmente impede que funcionários da mesma agência sejam nomeados. Para o movimento sindical, tanto o erro da empresa quanto a proposta não se justificam. "Em nosso entender, qualquer trabalhador tem capacidade e deveria receber pela substituição, mesmo os lotados no mesmo local de trabalho", afirma Marcel Barros.



Equidade



Na continuidade da negociação, o banco concordou em renovar com o mesmo texto algumas cláusulas do aditivo atual, como: adiantamento do 13º salário; ausências remuneradas e permitidas; indenização por morte; movimentação de pessoal; anualização da licença-prêmio; escala de férias, entre outras.



O banco afirmou também ter permissão para apresentar propostas que contemplem a questão da equidade de gênero. Além disso, reforçou que pretende apresentar proposta para a criação de comitês de ética para combater o assedio moral na empresa.



Outro ponto apresentado pelos trabalhadores foi a situação da licença-adoção para casais homoafetivos. O banco informou que tem disposição em avançar nessa cláusula.



Também com relação a trabalhadores que foram vítimas de assalto ou sequestro, o banco concorda em garantir adiantamentos para as pessoas que tenham que ficar fora de sua residência ou cidade por conta dos efeitos da ocorrência.


 


Caixa


A Caixa esclareceu algumas dúvidas e silenciou diante da maioria das reivindicações do Comando e da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa, órgão que assessora o Comando nas negociação com a empresa). Mas o combate foi feito: os representantes dos empregados levaram para a mesa questões urgentes como a isonomia entre novos e antigos trabalhadores, a recomposição do poder de compra dos benefícios dos aposentados e questões referentes à Funcef, principalmente o fim do voto de minerva nas instâncias da Fundação, a mudança do método de custeio do Reg/Replan não saldado e a democratização da gestão.



"A postura da Caixa vai requerer maior mobilização dos empregados para que possamos sair vitoriosos dessa campanha salarial. Precisamos aumentar nossa organização e ir para as ruas até que a resposta do banco seja satisfatória", afirma Jair Pedro Ferreira, coordenador da CEE/Caixa.



Isonomia



A isonomia de direitos entre novos e antigos trabalhadores foi cobrada da Caixa. Nesse particular, a CEE/Caixa reivindicou que sejam estendidas a todos os bancários a licença-prêmio, o Adicional por Tempo de Serviço (ATS), além da normatização das Apips.



Democratização da gestão



Também foi cobrada da empresa a eleição de representação de empregados na gestão sendo no Conselho de Administração e no Conselho Diretor. A proposta parte do princípio de que os trabalhadores devem não só gerir o patrimônio da Caixa, mas também acompanhar e fiscalizar os atos da administração da empresa. Assim, a CEE/Caixa cobrou, mais uma vez, a instituição do Vice-Presidente Representante (Virep) com mandato fixo e eleito pelo voto direto dos empregados, com direito a voz e voto nas reuniões do Conselho Diretor da Caixa, garantida a participação de representantes dos empregados na comissão eleitoral. Cobrou também que exista uma representação dos empregados na Conselho de Administração da empresa, nos mesmos moldes do Virep.



Funcef



Uma das principais reivindicações em relação à Funcef é o fim do voto de Minerva. Os representantes dos empregados lembraram à Caixa que, uma vez que a composição do Fundo é paritária, com recursos da empresa e dos trabalhadores, é preciso que essa paridade também esteja representada nas instâncias decisórias. A mudança é necessária para dar mais equilíbrio na gestão.



Outra questão que foi colocada na mesa é a mudança no método de custeio do REG/Replan não saldado. A proposta foi apresentada pelos conselheiros eleitos na Funcef e recusada pelos representantes da Caixa.



O método de custeio em vigor é o Crédito Unitário Projetado (PUC), cuja característica é o custo crescente, que só se ameniza com novas entradas de associados. O Reg/Replan não saldado é um plano fechado, ou seja, não agrega novos participantes.



Respaldados por consultoria em avaliação atuarial e por estudo da diretoria de Benefícios da Funcef, os representantes dos associados defendem a adoção do método Agregado, pelo qual as contribuições seriam estabilizadas em patamares redimensionados. A partir disso, outras medidas em favor da sustentabilidade do plano poderiam ser também adotadas.



A CEE/Caixa cobrou da empresa uma mudança de posição em relação ao assunto, porque a manutenção do método de custeio prejudica os 7 mil empregados que estão no REG/Replan não saldado e a própria empresa, já que o ônus do aumento das contribuições é da duas partes.



Em relação à incorporação do REB pelo novo plano, a empresa informou que a matéria está sendo avaliada pelo setor jurídico da Caixa e depois passará para outros órgãos controladores (Ministério do Planejamento, Secretaria de Previdência Complementar, Dest). A comissão dos empregados cobrou urgência no andamento desse processo uma vez que a demora está causando prejuízos para os trabalhadores, pois quem tem Complemento Temporário Variável de Ajuste de Mercado (CTVA), por exemplo, tem sua participação reduzida. Também foi cobrada que seja aberta a possibilidade de se fazer contribuição retroativa ao início do Novo Plano.



Aposentados



A CEE/Caixa cobrou a abertura para a migração dos participantes da Prevhab para a Funcef, com garantia de prioridade dos 40 participantes que foram vetados e solução para o Plano Espelho. Além disso, cobrou o pagamento do auxílio e da cesta-alimentação a todos os aposentados e pensionistas, reafirmando que o benefício seja dado de forma continuada, incluindo os que saíram no PADV e os que perderam ações na justiça.



Também foi cobrada a recomposição do poder de compra dos benefícios dos aposentados e pensionistas com aporte feito exclusivamente pela Caixa.



Contratações



A autorização de mais 2.200 contratações anunciada na negociação passada é importante, mas é insuficiente. A CEE/Caixa reafirmou que é preciso acelerar o ritmo de contratações de novos empregados, já que existem concursados aprovados, aguardando chamada.



Reiteraram que há um excesso de demanda e que a falta de pessoal vem causando transtornos como o desvio de função e o excesso de horas-extras. O cumprimento de uma jornada além do horário convencional coloca em risco a saúde do trabalhador, que acaba sofrendo de doenças ocupacionais. Assim, a comissão cobrou da Caixa urgência na solução dos problemas que estão ocorrendo e a contratação imediata de pessoal para o preenchimento das vagas já autorizadas.



Calendário - A próxima negociação específica será no dia 22 de setembro e vai abordar os seguintes assuntos: Plano de Cargos Comissionados (PCC), Plano de Cargos e Salários (PCS) e jornada de trabalho.