Bancos padronizam serviços, mas tarifas podem chegar a diferença de 231%

O Banco Central (BC) padronizou os serviços bancários. Entretanto, a medida não se aplica ao valor das tarifas. As diferenças entre os valores cobrados pode chegar a 231%, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
O Idec lançou na semana passada o "Tarifômetro", uma ferramenta que permite a comparação entre os dez principais bancos do país, que é atualizada mensalmente ou sempre que uma tarifa tem sua alteração anunciada.
A diferença de 231% é a que existe na emissão de extratos avulsos pelo cliente na agência, entre a tarifa cobrada pelo Itaú Unibanco, de R$ 1,30, e a do HSBC, de R$ 4,30, a mais alta.
A impressão de extrato avulso em caixas eletrônicos também chega a variar 131%. Entre os nove tipos de serviços mais usados, segundo o "Tarifômetro" do Idec, a tarifa que tem menor variação é a de emissão de DOC ou TED (transferências entre contas de bancos diferentes) na agência, que vai de R$ 13,40 a R$ 14,40, uma diferença de apenas 7%.
A tarifa de adiantamento foi a que mais subiu em dois anos. Das nove tarifas pesquisadas, o HSBC tem as tarifas mais altas em seis. Nas outras, diversos bancos empatam nas primeiras colocações.
Procurado, o HSBC informou que "as tarifas citadas pelo levantamento do Idec têm valores avulsos que, com exceção do cadastro, fazem parte do pacote de serviços.". E, segundo a instituição, "essa opção abrange 95% dos (seus) correntistas". O banco informa que possui pacotes a partir de R$ 3,95, para universitários, "o que os tornam bastante competitivos em relação ao mercado".
Boa parte dos clientes hoje usa pacotes de tarifas, o que torna difícil a comparação, já que cada banco oferece serviços diferentes por pacote.
Mas, na prática, sempre que se excede o número de operações contratadas, paga-se o valor da operação avulsa. Por isso, pode não valer a pena contratar simplesmente o pacote mais barato. O Idec também passou a divulgar mensalmente os valores e o conteúdo de cada pacote no seu sítio, em www.idec.org.br/bancos, assim como faz com as tarifas.
A economista do Idec, Ione Amorim, avalia que a tarifa que mais tem sofrido alterações de preços é a de adiantamento ao depositante, que é cobrada quando o correntista fica negativo e não tem cheque especial, quando estoura este limite.
A tarifa foi alterada em seis dos dez bancos nos últimos dois anos, com variações de 11% a 40%, hoje custando de R$ 30,00 a R$ 39,00.
Desde 2008, o BC passou a exigir das instituições financeiras um prazo mínimo para novas alterações de preço em cada tarifa (de 180 dias) e cada uma com o aviso aos clientes com pelo menos 30 dias de antecedência. O Idec agora quer propor ao BC que mude o intervalo mínimo de alteração para 360 dias.
E, como são 31 tarifas, as mudanças acabam sendo difíceis de acompanhar.
A professora de Finanças da Fundação Getulio Vargas Myriam Lund recomenda que o consumidor analise o que cada pacote oferece e opte pelo mais simples possível.
Não dá status para ninguém um pacote caro. As pessoas não se dão conta, mas R$ 2,00 por dia são R$ 720,00 em um ano – diz.
Fonte: O Globo