Bancária denuncia assédio moral no jornal Hoje na Rede Globo

Publicado em: 06/01/2011
Bancária denuncia assédio moral no jornal Hoje na Rede Globo

Uma bancária apresentou denúncia de assédio moral, durante reportagem na edição de ontem, dia 5 do Jornal Hoje, da Rede Globo.  Ela tinha 18 anos de banco, exercia o cargo de chefe da contabilidade e contou que foi vítima de humilhações na jornada de trabalho pelo gerente geral ao  longo  de  três anos e acabou demitida.


A funcionária, cujo nome do banco não foi divulgado, revelou que chegou a ser obrigada a participar junto com as demais mulheres da unidade de uma festa e cortar o bolo de aniversário, que tinha a forma de órgão genital. A reportagem mostra também casos de outros trabalhadores assediados e depoimentos de advogados.

    A Contraf-CUT entrou em contrato com a produção do programa, após a exibição da reportagem, para solicitar que as entidades sindicais dos bancários sejam também ouvidas pela Globo, a fim de mostrar as lutas da categoria para combater o assédio moral.

    "Uma das principais conquistas da Campanha Nacional 2010 foi a inclusão da cláusula de prevenção dos conflitos no ambiente de trabalho, que possibilitará ao bancário fazer uma denúncia no sindicato e o banco terá um prazo de até 60 dias para dar uma resposta", disse o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.


“É inacreditável nos depararmos com esta situação, já que ao longo dos anos esta-mos constantemente lutando para combater o Assédio Moral.

    Esta reportagem é importante, pois mostra para o  Brasil o que os bancos fazem com os trabalhadores. Quando entramos em greve e fazemos as nossas reivindicações é sempre por um motivo justo, já  os ban-queiros, só se importam com as cobranças das taxas abusivas e alcançar maior lucra-tividade a cada ano. Para isso humilham e exploram seus funcionários.  


               Assim é necessário que os bancários deixem o seu medo de lado e denuncie esta prática”, afirma o presidente do Sindicato Luiz Claudio Rocha.


REPORTAGEM NA ÍNTEGRA:


Leia a íntegra do texto da reportagem no Jornal Hoje da Globo:



Quando um chefe persegue e humilha um funcionário ele pode ser acusado de assédio moral e até responder um processo na Justiça.



Uma cena que acontece num ambiente onde um manda, o outro obedece. Muitas vezes por medo de perder o emprego.



Uma mulher trabalhou como chefe da contabilidade de um banco durante 18 anos. O constrangimento era provocado pelo gerente geral. "Era sempre aquele comportamento comigo", conta



Houve uma festa de aniversário e as mulheres da agência foram obrigadas a participar. "Pediu pra que eu partisse o bolo e como era o bolo? Um órgão genital", conta.



O assédio durou três anos e terminou demitida. "Eu não esqueço de nada disso eu esqueço. São coisas que eu relembro sempre", afirma

Se ela tivesse sofrido a humilhação uma ou duas vezes, isso não poderia ser considerado assédio moral.



Esse tipo de violência é caracterizado por acontecer repetidas vezes, dentro da jornada de trabalho, quando a pessoa está exercendo a sua função. A vítima se sente desestabilizada e muitas vezes só tem vontade de pedir demissão.



"No caso do assédio a empresa irá responder pelos danos que vir a causar", declara Ney Araújo, advogado.



Sugestões de especialistas para se proteger do assédio:



- Anote detalhes das agressões: hora, local, nomes.

- Mostre evidências aos colegas: procure dar visibilidade ao que lhe acontece, mostrando as evidências aos colegas, por exemplo.

- Só converse com agressor na presença de testemunhas

- Exija por escrito uma explicação do agressor.

- Guarde uma cópia da resposta e envie o original ao departamento de recursos humanos.



E o que acontece com quem denuncia? Essa é a pergunta que muitos trabalhadores fazem. O caminho é procurar a representação do Ministério do Trabalho na sua cidade.



Com autorização do empregado, os fiscais vão procurar o chefe de quem pratica o assédio. Uma segunda etapa é a mediação. E se ainda assim a questão não for resolvida, a empresa poderá ser fiscalizada e a denúncia encaminhada ao Ministério público.



"A Justiça está aceitando e está admitindo como doenças ocupacionais, uma série de doenças tipo assédio comprovado através de documento médico. Se o fato ocorreu no trabalho é considerado uma doença de acidente de trabalho", afirma Dário Ambrósio, advogado.



Jânio sofreu um bocado na loja onde era estoquista. Era um constrangimento. "A gente entrava numa sala junto com o revistador e ficava totalmente nu", conta Jânio Moraes, estoquista.



As revistas eram feitas três ou quatro vezes por dia. Antes de se sentir pior ainda, ele foi à Justiça e ganhou uma indenização de sete mil reais. "Você tenta uma indenização por danos morais para que eles não possam fazer mais com ninguém", afirma.